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Crítica | Escape Room (2019)

Por: | 22:20 Deixe um comentário

Jogos Mortais encontra Jumanji nesse novo suspense do diretor Adam Robitel, o mesmo de Sobrenatural: A Ultima Chave (Insidious: The Last Key, 2018). E, do mesmo jeito que A Última Chave foi filmado em 2016 para um lançamento em 2018, ESCAPE ROOM foi filmado em 2017 para conseguir, finalmente, um lançamento em 2019. É engraçado pensar que a próxima sensação do momento pode estar pronta e engavetada em algum canto de uma grande distribuidora, só esperando uma boa janela de lançamento...

O filme custou míseros U$9 milhões e já está na casa dos U$110 milhões em arrecadação. Com isso podemos ter certeza que "Escape Room: O Retorno", "Escape Room: Sem Escapatória" e "Escape Room: O Início" devem estar confirmados. Então vamos aproveitar que ainda não estragaram essa franquia milionária...

"Seis estranhos acabam sendo misteriosamente convidados para um experimento inusitado: trancados em uma imersiva sala enigmática cheia de armadilhas, eles ganharão 10 mil dólares caso consigam sair. Mas quando percebem que os perigos são mais letais do que imaginavam, precisam agir rápido para desvendar as pistas que lhes são dadas."


Escape Room não é um filme completamente original em conceito. Existem dezenas de dezenas de filmes onde estranhos que compartilham um passado em comum (geralmente alguma desgraça) são forçados a tentarem sobreviver juntos. A diferença está na leveza com que eles levam o conceito. Enquanto em qualquer um Jogos Mortais, os participantes sabem imediatamente o perigo que estão correndo e o desespero corre solto, em Escape Room parte da adrenalina está em o público ser o único que sabe o verdadeiro risco que os personagens estão correndo. Enquanto pra eles é tudo um jogo que eles querem resolver com pressa, nós estamos carregados pela tensão. É por isso que o primeiro ato do filme é tão interessante. Mas não fica sempre assim...

O elenco é formado principalmente por rostos desconhecidos do grande público. A mais conhecida é Deborah Ann Woll, a Karen Page, das séries da Marvel (Daredevil e Punisher). Todos do elenco tem seus bons e maus momentos, mas nada que distraia da história. Alguns terão um futuro melhor no cinema que outros... mas todos seguirão sendo bons atores de séries de TV. 

Um dos principais problemas do filme é que, a cada obstáculo que é superado, a história fica um pouquinho mais repetitiva e obvia. Existe sempre uma porta, um número para encontrar, uma chave escondida... Isso é feito para que fique o mais perto possível de uma Sala de Fuga real... mas, cinematograficamente, o conceito se desgasta muito rapidamente. Não querendo me repetir, mas Jogos Mortais sempre fez questão de que cada desafio apresentasse uma solução e um risco completamente diferente... O risco em Escape Room é sempre o tempo. Um segundo perdido e todos podem morrer... 


A parte dramática do filme se baseia em quão próximas as histórias dos protagonistas são. Todos tem algo que os conecta. Mas isso, mais uma vez, traz junto um problema: malditos flashbacks. Enquanto a ação ta ininterrupta na Sala de Fuga, as vezes temos cortes bruscos para o passado dos personagens, para que comecemos a juntar as peças da trama... E isso acaba com o ritmo. A emoção vai embora. Não são cenas longas, mas nos tiram do clima de tensão que estávamos. A história deles é importante para certas soluções, mas existe uma cena onde tudo se explica. Se eles tivessem guardado todos os flashbacks pra essa única cena que deixasse o público voltar o filme mentalmente e encaixar as peças... Talvez tivéssemos um resultado melhor.

Para sair de algumas salas, eles necessitam das experiências passadas de personagens específicos... o que faz o roteiro parecer mais oportunista do que realmente é. A gente sabe que, se tal personagem tivesse morrido na sala anterior, eles não passariam da sala seguinte... e sabemos também que isso não ia acontecer. Então essa conveniência prejudica um pouco a história também. 

E se for pra falar do maior problema do filme, temos que falar do maior problema do gênero também. NINGUÉM SE IMPORTA COM QUEM MORRE. O filme tem 1h30 de duração, que é o padrão do gênero e pouquíssimo tempo é gasto desenvolvendo personagens. De verdade, antes dos seis personagens se unirem na Sala de Fuga, nós apenas conhecemos a "história" de três deles... de maneira super rasa ainda. Isso faz com que a morte de um personagem seja apenas o empecilho momentâneo entre uma cena de tensão e outra. É por isso que filmes como Invocação do Mal ou IT - A Coisa fizeram tanto sucesso com público e crítica: souberam usar o tempo para criar momentos genuínos e humanos em personagens prestes a sofrerem. Quando eu penso nesses filmes, é desses momentos que eu lembro. É Ed Warren cantando Elvis para a família amaldiçoada, é as crianças brincando no lago em IT... Enquanto o gênero focar mais em mortes criativas que em contar a história dessas pessoas, a carga emocional vai continuar zero.  


O filme podia ser mais corajoso em o que mostrar? Com certeza. Sua classificação para maiores de 14 anos faz com que as mortes sejam sempre bem limpas... e o gore (com bastante sangue esguichando) geralmente ajuda a distrair de certos problemas desse tipo de filme. Sem isso, é necessário que o roteirista realmente trabalhe.

Mas vamos falar das coisas boas também. Estávamos há um tempo órfãos desse tipo de filme, onde a sobrevivência depende apenas da inteligente e capacidade de adaptação dos personagens. Escape Room diverte, intriga e nos deixa tensos esperando a próxima armadilha. As reviravoltas do filme são guardadas para o final e são ótimas... poderiam ser melhores, mas são ótimas. E existe uma ótima abertura para as sequências antes mencionadas. O problema vai ser manter original um conceito que já acaba bem menos original do que começa.

Escape Room é o primeiro filme de terror do ano que realmente me entreteve. Semana que vem temos a sequência de A Morte te dá Parabéns... e eu confesso que esse eu já amo antes mesmo de assistir. Mas se o dinheiro estiver sobrando e uma diversão entre amigos for o objetivo, Escape Room é mais do que satisfatório. 


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