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Crítica | Cinderela (2015)

Por: | 19:32 1 comentário
Tenha coragem e seja gentil

A Disney recentemente está se divertindo refazendo seus clássicos animados em live-action. Malévola iniciou tudo, recontando a história da Bela Adormecida com diversas reviravoltas, mostrando um lado nunca visto da personagem título. O filme não era exatamente ótimo (na verdade, Angelina Jolie levou nas costas), mas se arriscava. Planejados pela Disney, ainda teremos Mogli, Dumbo, Mulan e Ursinho Pooh em Live Action. Isso apenas entre os anunciados. Vai saber o que mais está por debaixo dos panos...

Cinderela veio logo após Malévola. Diferente da anterior, a história da princesa do sapatinho de cristal não foi mudada em nada na transição. É tão Disney quanto o original era. Não corre riscos, mas também não estraga um clássico. Funciona muito bem como homenagem, mesmo eu preferindo que tentasse percorrer seu próprio caminho separadamente. Situação complicada. 

Eu até evitaria spoilers... pena que até crianças sabem tudo que vem a seguir. Por isso minha crítica de hoje será recontando os fatos do filme.
Você ja sabe do que se trata, mas pra não perder o costume, vamos pra sinopse:
"Após a trágica morte do seu pai, Ella (Lily James) fica à mercê da sua terrível madrasta, Lady Tremaine (Cate Blanchett), e suas filhas Anastasia e Drisella. A jovem ganha o apelido de Cinderela e é obrigada a trabalhar como empregada na sua própria casa. Passeando na floresta, ela se encanta por um corajoso estranho (Richard Madden), sem desconfiar que ele é o príncipe do castelo..."


Pra começar, o filme perde uma quantidade enorme de tempo explorando o passado de Cinderela e toda sua felicidade antes do sofrimento nas mãos da Madrasta começar. A animação vai direto ao ponto. Provavelmente, os vinte minutos iniciais foram uma tentativa de criar empatia por ela o mais cedo possível, mas acaba deixando o filme um pouco longo demais. Lily James incorpora a personagem da melhor maneira possível, transmitindo toda a inocência necessária. 

Mas é quando Cate Blanchett aparece em tela que as coisas realmente vão pra frente. Ela consegue ser má e sofisticada da mesma maneira que a Madrasta animada era. Cinderela, vivendo pelo mantra da sua mãe sobre como ser submissa e aguentar todo o sofrimento com coragem, mas ainda sendo gentil, realiza todas as vontades da Madrasta, como se não tivesse qualquer auto-estima no mundo. Tem uma linha bem tênue entre ser gentil e ser capacho. E, infelizmente, essa lição ninguém ensinou pra Cinderela.

Eu realmente esperava que dessa vez ela fosse assumir um pouco mais o controle de sua vida e esperar menos que mágica consertasse tudo. O feminismo cresce ao redor do mundo e mostrar costumes de 1950 como corretos em um filme atual é meio degradante. De qualquer jeito, depois de ser proibida de ir no baile por sua Madrasta e ter seu vestido rasgado pelas suas irmãs (que estão caricatas, mas funcionam bem), ela decide ir chorar porque é tudo que ela podia fazer agora. Se fosse um filme de terror, a Madrasta ia achar substâncias bem interessantes no seu chá da manhã seguinte.


É então que Belatrix Lestrange surge e resolve ajudar Cinderela. Como? Escravizando animais para servirem Cinderela. Quando Cinderela fala "mas eu quero só que você conserte meu vestido, não quero outro, porque era da minha mãe", a Fada Madrinha decide: "tudo bem, só vou mudar umas coisinhas" e muda ele inteiro (até a cor). Troll. Renovada, ela vai ao baile procurar o primeiro homem que conheceu na vida, fora o seu pai, durante um passeio na floresta. O filme inteiro devia vir com um selo "NÃO REPITAM ISSO EM CASA".  

Ela tava na floresta porque a Madrasta tinha humilhado-a. E a parte mais legal do filme é como tentam justificar o sofrimento da personagem-título através das coisas boas que aconteceram com ela. A narradora literalmente disse no meio do filme que foi bom a Madrasta ter maltratado ela, porque senão ela não teria encontrado o príncipe na floresta. Eu honestamente não sei como lidar com isso.

Enfim, chegando no baile, Cinderela chama toda a atenção para si, mostrando que ninguém se importa com quem você realmente é se você estiver bem vestido, e o príncipe logo reconhece a garota pela qual se apaixonou na floresta. Os dois dançam a noite toda até a meia-noite, quando Cinderela tem que correr e ir embora antes do feitiço acabar (porque até magia tem prazo de validade no mundo, crianças, aprendam isso). O príncipe esperto deixa ela correr um tempão antes de ir atrás. Esse gosta mesmo de caçar!! Cinderela foge, mas deixa um sapatinho para trás.


Cinderela então volta pra sua vida de camponesa/empregada por ter medo do príncipe não gostar de quem ela realmente é. Até que um dia um anuncio é feito de que o príncipe está procurando a donzela do baile. Ela corre até sua casa para pegar o sapatinho de cristal que deixou guardado, mas a Madrasta chegou antes! Como ela sabia onde encontrar o sapatinho, eu não faço ideia. Minha teoria é que o Tatá (um dos ratos da Cinderela) cansou de sofrer bullying pela dona e denunciou pra Madrasta a verdade!

A Madrasta conta sua história e seus sofrimentos pra Cinderela, quebra o sapatinho, chama a Cinderela de inocente e boa (wooooow, turn down for wh.... não, pera) e tranca a coitada dentro do sótão (não tão coitada, ja que o sótão de uma mansão é maior que muta casa por ai). Enquanto isso, os serviçais do príncipe vão de casa em casa experimentando o sapatinho deixado no baile pra ver em quem serve. Ainda bem que, em um reino gigantesco, nenhuma outra mulher tinha o pé do tamanho certo ou parecido.  

Trancada no sótão, Cinderela canta feliz porque ja se acostumou com a sofrência. Os serviçais do príncipe ouvem-a cantando e a encontram no sótão. Cinderela então tem seu reencontro com o príncipe, os dois ficam noivos. Ela antes de sair de casa olha pra Madrasta e diz: "Arda no fogo do inferno Eu te perdoo". E vai embora casar com o príncipe e viver feliz pra sempre.


MORAL DA HISTÓRIA: Se você for submissa, perder tudo que tinha e viver humilhada por seus tutores legais, o jeito é esperar que um homem ou uma fada chegue pra te salvar!! Só seja gentil e tenha coragem :)
Tudo bem, eu exagerei na crítica. O fato que eu queria demonstrar é que o que o cinema devia mostrar hoje em dia é mulheres que assumem seus próprios destinos e revolucionam suas próprias vidas. Esse não é o caso de Cinderela. Não era no lançamento em desenho e não é agora com o live-action. Cinderela é sobre não fazer absolutamente nada pra melhorar de vida, apenas esperar, obedecer e torcer pra que tudo se resolva sozinho. Fico feliz que Mulan também será refeito, porque Mulan tem uma mensagem útil nos dias de hoje.

Não vou dizer que é um filme prejudicial as crianças, porque aí seria o maior exagero da terra. Mas também não é nem um pouco benéfico. Está naquele meio termo que não leva a absolutamente nada. Apesar de lindamente bem produzido, bem atuado, com uns efeitos bem interessantes... a história simplesmente não é mais válida. Vamos ver o que a Disney vai trazer no futuro!

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Um comentário: Deixe o seu comentário

  1. Me parece muito interessante os filmes por que são muito interessantes, podemos encontrar de diferentes gêneros. De forma interessante, o criador optou por inserir uma cena de abertura com personagens novos, o que acaba sendo um choque para o espectador, que esperava reencontrar de cara as queridas crianças. Desde que vi o elenco de Cinderela imaginei que seria uma grande produção, já que tem a participação de atores muito reconhecidos, pessoalmente eu irei ver por causo do atriz Lily James, uma atriz muito comprometida. Eu a vi recentemente em um dos melhores Filmes de 2017, acho que é uma opção que vale a pena ver.

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