way2themes

Crítica | Noite Sem Fim (2015)

Por: | 16:40 Deixe um comentário

Uma das melhores sensações quando se gosta de cinema é ser pego de surpresa! No meio de tantas expectativas frustradas, é bom encontrar um filme que vai muito além do que se propõe fazer sem perder seu verdadeiro objetivo. Noite Sem Fim (Run All Night) é um desses filmes. Eu peguei para assistir apenas mais uma ação sem sentido do Liam Neeson e encontrei um dos filmes de ação mais interessantes dos últimos tempos e que ensina a não subestimar um gênero cinematográfico pelo seu histórico. Vamos saber os motivos. Podem ler tranquilamente, o texto NÃO CONTÉM SPOILERS!!

Como sempre, vamos para a sinopse:
Jimmy Conlon (Liam Neeson) é um atirador da máfia que sempre foi leal a Shawn Maguire (Ed Harris). Seu passado fez com que se afastasse do filho, Michael (Joel Kinnaman), que acaba testemunhando algo que não devia e se tornando alvo de Shawn. Agora, pai e filho terão que se reunir, mesmo contra a vontade, para sobreviverem a essa longa noite que está por vir.  

O filme é bem melhor do que parece.


Liam Neeson não está no melhor momento de sua carreira. Papeis que antes eram escolhidos com mais cuidado, hoje são escolhidos aleatoriamente para manter seu título de herói de ação. Felizmente, Noite Sem Fim vem pra mostrar que Liam Neeson consegue fazer o lado emocional tão bem quanto consegue explodir os miolos de um bandido que mexe com sua família.  Jimmy é humano, é falível, é cheio de remorsos, e isso é o que o motiva a ser melhor durante o filme.

Joel Kinnaman (de Robocop e da série The Killing) é uma grata surpresa aqui. É um ator cheio de potencial pra mostrar em filmes que exijam mais dele. Em Noite Sem Fim, ele da conta de interpretar os momentos de drama do Michael sem perder o ritmo de Neeson, que controla por onde o filme vai. Sua relação com o pai e com sua mulher e filhos é interpretada de maneira totalmente diferente. Ele sabe quais são suas forças e sabe explora-las no momento certo, sem ficar caricato demais e sem perder o exagero natural que as vezes é necessário. 

A relação entre Michael e Jimmy é uma das melhores coisas do filme. A evolução entre a mágoa de ter sido abandonado pelo pai na infância e a presença necessária dele no momento é muito bem interpretada pelos dois. O remorço de Neeson e a revolta de Kinnaman se balanceiam perfeitamente. Foi muito bom ver o quanto uma noite agitada pode mudar algo que estava estagnado há décadas.


A história é desenvolvida com bastante cuidado. Sem pressa. É um filme de ação onde os personagens realmente importam. Do simples capanga que não pode defender seu patrão até o protagonista, todos tem seu momento. Tem cenas que seriam consideradas desnecessárias em um filme de ação normal, como a visita sem falas de um filho à sua mãe no hospital. Enquanto a progressão da história tem uma pausa, a progressão do personagem da um salto gigante. É com essas pequenas sutilezas que o filme surpreende e deixa pra trás seus companheiros de gênero.

O filme começa com um flashforward do final, com uma narração do Jimmy falando sobre as coisas que passam em sua mente enquanto está ferido. No momento que isso aconteceu, eu tive medo pelo que vinha a seguir, porque flashforwards são muito anticlimáxicos. Parece que precisa mostrar o final para manter o interesse do público em um começo chato. Essa é sempre a minha primeira impressão. Mas o que o filme mostra é a valorização do "por que acontece" muito acima do "o que"! O filme inteiro é o clímax. O clímax é essa noite inquieta que os personagens vivem. Mostrar o fim da noite não torna a jornada menos interessante.


Ainda assim, esse é um filme de ação. Tiroteios e perseguições de carro ainda são parte importante do que o forma. E são cenas fantásticas. Quando o filme engata em uma cena de ação, ela sempre impressiona. A edição rápida, os cortes bem precisos, a ironia em alguns momentos dando leves toques de humor em toda a destruição. É coisa de primeira qualidade, realmente pensado pra ser inteligente. E nenhuma cena de ação é colocada inutilmente aqui. Se ela está no filme, ela está ajudando ele a progredir.

A fotografia do filme é algo lindo de se ver. A maneira que ele escolher ir de um lugar da cidade para o outro com tomadas digitais percorrendo toda a distância é algo diferente do que se vê geralmente e causa um impacto visual muito bonito. A cena inicial também, mostrando um aspecto 3D da cena parada. Tem até uma certa poesia com o momento da noite em que cada coisa acontece. Não vou dar spoilers, mas são momentos bem memoráveis que esperam o período certo pra acontecer. A trilha sonora também embala da maneira certa os melhores momentos. 

Infelizmente, nem tudo são flores. Tiveram certos momentos dentro da história que sofreram de certos erros clássicos de filmes do gênero, como Liam Neeson matando um cara com toalha de secar a mão em banheiro público ou os personagens escapando muito facilmente de um cerco policial que tem até helicópteros vigiando. Mesmo assim, ele eleva muito o que se espera do tema e faz questionar se ficamos confortáveis demais com nossas expectativas para o gênero. Eu com certeza esperarei mais dos que eu ver depois de Noite Sem Fim. 


Com ironia, ação desenfreada, desenvolvimento de personagens e momentos emocionantes, com ótimos diálogos e uma direção que sabe explorar as forças de cada aspecto do filme, eu arrisco dizer que esse é o melhor filme do Liam Neeson que eu já assisti. Ele não foi muito bem recebido pela crítica mundial e eu simplesmente não consigo entender o motivo. Tem mais ação que muito blockbuster por aí e tem personagens melhores que em muitos dramas. 

Está extremamente recomendado. Divirtam-se!

Já assistiu NOITE SEM FIM? Gostou? Odiou?
Se ainda não assistiu, planeja assistir?
Deixe seu comentário :)
E curta a página do Facebook para mais 



0 comentários:

Postar um comentário