Crítica | Ponto de Vista (Vantage Point - 2008)

Já assistiram aquele filme que vocês não davam nada e que acaba te surpreendendo? Vantage Point é um desses filmes. Com uma premissa mais clichê do que qualquer triângulo amoroso (afinal, tentar matar o presidente dos EUA é algo que qualquer pessoa pode tentar), o filme se desenvolve de maneira diferente e que, apesar de não afetar diretamente na história (o que deveria, e tornaria o filme melhor), é um mecanismo ótimo de criação de suspense. Bons atores com bons personagens num roteiro aceitável, filme divertido para assistir em 1h30m.

Vou avisar quando for ter spoilers, então leiam sem medo até lá 

Vamos a Sinopse:

"O presidente dos Estados Unidos, Ashton (William Hurt), participará de uma conferência mundial sobre o combate ao terrorismo em Salamanca, na Espanha. Thomas Barnes (Dennis Quaid) e Kent Taylor (Matthew Fox) são os agentes do Serviço Secreto designados para protegê-lo durante o evento. Entretanto logo em sua chegada o presidente é baleado, o que gera um grande tumulto. Na multidão que assiste ao atentado está Howard Lewis (Forest Whitaker), um turista americano que estava gravando tudo para mostrar aos filhos quando retornasse para casa. A partir da perspectiva de diversos presentes no local antes e depois do atentado é que se pode chegar à verdade sobre o ocorrido."

Sim, aparentemente nada surpreendente. Da pra fazer uma lista de clichês só nessa sinopse.

Presidente dos EUA em perigo? Check

Pais estrangeiro preparando ataque? Check

Dennis Quaid em filmes sobre presidentes em perigo? Check (pelo menos ele não é o presidente dessa vez)

E no filme tem bem mais que isso. Clichês não faltam, mas algo importante sobre clichês é que funcionam. Se algo é clichê é porque ja deu certo muitas vezes antes, desde que seja trabalhado da maneira certa. Então por mais que o filme em si não seja extremamente original, a maneira que é desenvolvido consegue superar a de seus concorrentes. 

O filme se trata de uma sequência de flashbacks que as vezes são muito úteis, mas as vezes são só pro filme não ter meia hora de duração. Talvez o truque todo do filme esteja ali, é uma enrolação tão divertida de assistir que é fascinante (principalmente as cenas "rebobinando", da um expectativa grande sobre quem é que vamos seguir dessa vez. As cenas de ação, correria, tiros e perseguições de carro deixam o filme muito fácil de gostar mesmo se não quiser saber da história. Tudo muito bem montado. Mais velozes e furiosos do que Velozes e Furiosos. 

Os personagens são ótimos e interpretados da melhor maneira possível. Dennis Quaid é o melhor guarda-costas do presidente dos EUA, e que já foi baleado anteriormente por essa tarefa, então hoje em dia é um pouco mais paranoico que o normal. Matthew Fox é o parceiro dele, mas que parece ter mais a esconder do que nos é mostrado no começo. Forest Whitaker, ponto alto do filme (e praticamente de qualquer filme que ele participa), é um pai de família que esta visitando o local quando sua câmera focaliza algo que é necessário para o serviço secreto. De longe rende as melhores cenas, sempre tão sincero. Sigourney Weaver foi desperdiçada. Zoe Saldana teve uma cena boa, mas foi desperdiçada. William Hurt foi extremamente desperdiçado.

No geral, apesar de dinâmico, o filme perde alguns pontos que seriam bons para animar o público. Enquanto uns personagens receberam o desenvolvimento necessário, outros são deixados de lado assim que não não mais "importantes". Vale a pena assistir pelo entretenimento e pela emoção de ver os pontos sendo ligados, mas não se importem demais com os personagens porque não vamos saber mais deles quando o corte for feito. Assistam, é um bom filme pra passar a tarde.

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Pera, o que ta acontecendo? Por que a página foi dividida? Pois é, depois de uma conversa com algumas pessoas sobre como lidar com revelações sem estragar o filme para os outros, mas podendo ser abrangente, agora vamos aos SPOILERS! Se você ja assistiu ao filme, ou se você é do tipo de pessoa que gosta de assistir o filme sabendo das coisas que acontecem, ou (melhor ainda) leu o texto até o parágrafo anterior, assistiu o filme e voltou pra ler o resto (espero que você exista kkkk), continue lendo. Se não se encaixa nos padrões anteriores, pare por aqui! 

  

Bom, pra deixar claro sobre o que se trata essa parte, eu falarei o que me frustrou e o que me impressionou nas cenas que seguem do filme. Provavelmente vai ter mais coisas que frustram do que animam, mas o fato é que falar das coisas ruins é mais fácil do que falar das coisas boas. Mas como eu ja indiquei o filme, acho justo dizer que não é um mar de rosas e listar o que me frustrou.

Pra começar, os primeiros flashbacks servem exclusivamente pra criação do suspense e não são nada úteis pra contar a história. Angie, personagem de Zoe Saldana, é uma reporter que rapidamente tem uma ótima cena chorando quando o presidente é baleado... e que depois que o balcão explode e ela cai desacordada, nós nunca mais sabemos o que realmente aconteceu com ela. Frustrante, pois foi fácil me apegar a ela depois daquele choro. Queria pelo menos uma conclusão. Ela pode ter morrido, mas também podia estar só desmaiada. Ela desaparece no fim do primeiro flashback.

Sigourney Weaver interpreta Rex, e por mais que pareça uma personagem interessante com muito a mostrar, também é abandonada no segundo flashback (um a mais que a Zoe, hein? Acho que alguém ta dormindo com o diretor...). Não que fosse ser muito útil manter ela no filme, mas achei que um pouco mais de background ou um final pra ela seria bom.

William Hurt foi o outro desperdiçado que eu citei anteriormente. Por mais que os personagens dele (sim, personagens, o presidente e o sósia do presidente) tenham bastante tempo de tela, o presidente é demonstrado tão superficialmente que ele não tem chance de se aprofundar nos dramas. A melhor parte é as diferenças de postura entre o falso e o verdadeiro. Difícil encontrar lugar pra brilhar num personagem raso, mas valeu a tentativa. 

Dennis Quaid e Forest Whitaker são os que conseguem o destaque. O primeiro apenas por ser o Dennis Quaid, e o segundo por ser um dos melhores atores de todos os tempos. Cada fala que o Whitaker recita parece sair da alma dele, ele realmente acredita no que ta fazendo. No fim, quando tudo ja foi resolvido, e ele recebe a ligação da família dele, é uma das melhores cenas do filme e ele emociona qualquer pessoa assistindo. 

  

No final, o filme termina sem revelar muitas das coisas que devia. Por que o plano? O que eles iam ganhar com o presidente? Qual a relação da maioria dos presentes na história com o plano? O Javier, por exemplo, nós sabemos que ele ama a Veronica e planeja fugir com ela, mas isso não justifica metade das ações dele (como levar uma bomba pra namorada sem saber que é uma bomba [ou sabendo, mas sem saber como ela vai usá-la... enfim, não ta claro]). Como eu disse, não preste muita atenção no roteiro, é um filme pra se divertir assistindo e pronto. Pelo menos nesse vai e volta não tem nenhuma falha de sequência, tudo se encaixa no fim, deixando sem esclarecimento apenas as coisas que não fazem diferença na trama principal. 

Sem os flashbacks, o filme seria um curta metragem melhor explicado do que o filme em si. Mas ainda vale a pena pelas cenas de ação e pela ideia de mostrar a mesma coisa tantas vezes de maneiras diferentes e conseguir evitar o tédio. Não é fácil conseguir algo assim, e outros filmes falharam tentando. Assista, divirta-se, e depois dê seu ponto de vista nos comentários (sem trocadilho com o título do filme).

NOTA: BOM

(Desisti de usar números, com palavras posso definir melhor o que achei.)

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Uma outra coisa que eu gostaria de tentar é analisar o Trailer, afinal, é difícil saber se deve ou não ver um trailer antes do filme. Eu nunca vejo, um bom poster vende o filme pra mim, mas gosto de ver depois para saber se eu estava certo em não ver (sigam o raciocínio). Então vamos aos três critérios básicos:

Entrega partes importantes da história? Sim
Consegue deixar com vontade de ver? Sim
Vale a pena ver antes do filme? Não
RESULTADO: Bom trailer, mas estraga surpresas. Melhor deixar pra depois!

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