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Crítica | Whiplash - Em Busca da Perfeição (2014)

Por: | 15:52 Deixe um comentário

“Você vai acelerar, você vai atrasar, ou você vai FICAR NA P*RRA DO MEU TEMPO???”
-Fletcher, Terence

Se alguém me perguntasse qual é o filme mais eletrizante que eu vi esse ano, e eu respondesse que era um filme sobre Jazz, há duas opções em “reações possíveis”:
- “What the fuck, dude?” é a primeira reação. Essa pessoa não compreende ainda o poder que uma incrível edição, um bom roteiro e uma direção inteligente têm.
-“WHIPLAAASH!” é a segunda reação. Essa pessoa me entende. 

Whiplash conta a história de Andrew Neiman (Miles Teller), um jovem estudante de Jazz no famoso Conservatório Shaffer, em New York, lutando para fazer valer sua posição como membro da banda do professor Terence Fletcher (J.K. Simmons), o regente mais admirado e temido da instituição. 


Não vou mentir para você, todo filme que eu vi antes do Miles Teller foi péssimo. Não só o filme, mas a atuação dele também. Então quando comecei a assistir Whiplash, eu estava com o pé atrás em relação ao desempenho que veria dele ali. Isso não durou muito. Em alguns minutos, eu percebi que era esse o papel que ele estava precisando para revolucionar sua carreira (pelo menos até Quarteto Fantástico estrear, o perigo ali é outro). Não há nada assombroso pra dizer sobre sua atuação, mas ela é consistente pelo menos, principalmente nas cenas em que Andrew está tocando bateria até a exaustão.  

Mas o grande ator do filme é J.K. Simmons na pele do pior (ou melhor, depende do ponto de vista) professor de música que poderia existir. Sua atuação é tão fantástica e complexa, que você nunca sabe quando pode confiar e quando deve temer. Vai do sutil ao extremo em espaços de tempo tão curtos que simplesmente não deixam outra opção a não ser aplaudir esse ator fantástico que nunca teve o reconhecimento que deveria ter. Só não consigo concordar com quem diz que ele rouba a cena no filme. Acho que um bom coadjuvante é aquele que brilha tanto que ilumina seu protagonista junto. É exatamente o que acontece no filme, a atuação brilhante do J.K. só faz valorizar ainda mais o esforço de Miles Teller.  Os dois contracenando juntos são épicos.

Terence Fletcher, por seus motivos próprios, faz da vida do Andrew um verdadeiro inferno na busca da perfeição. O abuso psicológico é tanto que, mesmo quando ferido, o Andrew sabe que não pode parar, sabe que tem que estar presente. Isso rende uma interação muito boa entre os dois. Enquanto Andrew melhora, e se torna um baterista mais experiente, o ego dele e a coragem de enfrentar o professor crescem juntos.  Só que Fletcher também não esta pronto pra abrir mão do controle, o que faz ele subir o nível e pressionar cada vez mais Andrew. É aquela coisa que te faz melhor, mas você não quer mesmo assim. Um remédio bem amargo de se tomar.


A edição aqui é a grande chave do sucesso. Toda cena, não importa o quão comum ela poderia parecer no cotidiano, é editada de maneira a ser eletrizante. Os cortes são fenomenais, principalmente nas cenas de humilhação do Andrew, focando não só em Fletcher e sua vítima, mas também em diversos outros estudantes ao redor. Isso aumenta o sentimento de agonia enquanto assistimos, demonstrando muito mais o quanto aquilo é vergonhoso, mas sem perder o ritmo ou deixar de mostrar algo importante ou mais interessante. Mas a maior façanha foi fazer música previamente gravada parecer tão notavelmente ao vivo. Teve apenas um momento em que o som não pareceu se encaixar com o que era tocado em cena, durante a última música, mas em sua grande maioria a edição foi exata. Funciona perfeitamente bem.


O roteiro e a direção de Damien Chazelle são a cola que segura tudo isso junto. Cheio de diálogos que ficarão na sua mente por muito tempo, o roteiro dá boas enganadas no público. No momento que você acha que pode relaxar, que o pior já passou e que tudo está bem, o filme da uma guinada repentina que te faz pular da cadeira. É tão eletrizante quanto qualquer filme de ação poderia ser. Dá a chance de cada ator mostrar o melhor que tem pra oferecer, e com isso entretêm o público que não sabe o que virá a seguir. Chazelle é jovem e tem um futuro brilhante pela frente. Esperarei ansioso o próximo trabalho dele. 


Não há realmente nada ruim que eu poderia pensar em dizer sobre esse filme. Ele tem uns conceitos com os quais eu não concordo, como o de que música boa tem que ser metricamente perfeita. No quarto do Andrew há um pôster dizendo “se você não tem habilidade, vai acabar tocando em uma banda de rock”. Ainda assim, isso não é uma opinião de quem fez o longa, mas sim uma maneira de ambientar o quanto essa qualidade musical exata é importante para o universo do filme. E funciona.

O filme é inteligente, divertido, empolgante, e você vai continuar pensando nele e em sua incrível trilha sonora por muito tempo depois que ele acabar. A atuação brilhante de J.K. Simmons provavelmente irá ganhar o Oscar esse ano, totalmente merecido, e o filme faz jus a sua própria indicação a Melhor Filme. É uma pena que Chazelle não tenha sido indicado por direção, mas a indicação como roteirista está lá. E, é claro, MELHOR EDIÇÃO para Tom Cross. É o tipo de filme que grita ME INDICA quase o tempo todo de tão bom que é, aos olhos, aos ouvidos e ao cérebro.  

Honestamente, não deixem de assistir! É brilhante! Meu preferido entre os oito indicados!


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