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Crítica | A Teoria de Tudo (2014)

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Que filme lindamente bem feito eu acabei de assistir. A Teoria de Tudo é feito com tanta delicadeza por seus realizadores que é inevitável se emocionar durante toda sua duração. Nada está fora do lugar, nada é exagerado (tirando alguns momentos), e a história é construída exatamente como deveria ser em um filme baseado em história real: realisticamente. Tecnicamente e humanamente incrível. Esse é um filme que realmente merece as suas indicações ao Oscar. Mas certas coisas impedem sua vitória.


A Teoria de Tudo conta a história de Stephen Hawking e de sua primeira esposa, Jane Wilde, desde o momento em que se conheceram até toda a jornada juntos tentando superar as dificuldades que a doença dele causou na família. Ao mesmo tempo mostra a ascensão de Hawking, indo de um simples estudante em Cambridge à um dos físicos mais brilhantes de todos os tempos. 


Primeiramente, não da pra deixar de admirar a atuação do protagonista. Eddie Redmayne pegou talvez o papel mais difícil do ano e interpretou da maneira mais magnífica que poderia. Não é simplesmente um personagem que pode ser feito do jeito do ator, é uma personalidade admirada por milhões e com características próprias. O verdadeiro Hawking e sua família ainda estão vivos, então tem que ser uma interpretação tão respeitosa e fiel que é até difícil pensar na pressão que deve ter sido protagonizar um filme desses. Mesmo assim, não há uma simples falha aqui. Mesmo quando a doença chega num nível em que Hawking não consegue mais falar, Redmayne encontra maneiras de comunicar toda mensagem do filme através dos olhos ou dos movimentos da boca. É extremamente tocante. Uma atuação digna de Oscar.

Mas, acima de um filme sobre Stephen Hawking, o filme é sobre Jane e sua dedicação e amor a esse homem fantástico. É um papel consideravelmente mais fácil de ser interpretado, mas que também segura o filme todo em suas costas. Felicity Jones demonstra uma dedicação e sensibilidade tão grande que por diversos momentos da pra se esquecer de que é uma personagem e só apreciar essa mulher divida entre o amor da sua vida e o futuro livre que ela poderia ter. Algumas cenas são de tirar o fôlego. A emoção que corre junto com ela em cada decisão, cada palavra dita, é forte demais para não ser reconhecida. Atuação digna de Oscar, mais uma vez. Infelizmente, para ela, sua categoria esta bem mais concorrida esse ano.

A relação dos dois é mostrada com bastante cuidado. Vemos o momento em que se vêem pela primeira vez, o momento em que começam a se conhecer, o momento em que já estão praticamente apaixonados e o momento em que Jane faz a maior prova de amor possível. O filme não deixa nem você se acostumar com os dois felizes e saudáveis. Depois de alguns minutos, os primeiros sintomas já aparecem no Hawking, e com menos de meia hora tudo já é diagnosticado, deixando uma hora e meia de filme ainda para ver como o amor dos dois lida com tudo isso que está acontecendo.  


Mas definitivamente o grande brilho do filme é sua trilha sonora. É um show aos ouvidos, do primeiro segundo até os créditos finais. Infelizmente, em alguns momentos o brilho é forte demais. Aqui vai meu problema com essa trilha: parece tão esforçada em ser premiada e chamar atenção, que por alguns momentos, durante o filme, ela me tirou o foco. Parecia que o filme tinha sido criado como complemento para a trilha, e não o contrário. Um videoclipe gigante. A impressão passa e não afeta o resultado final, com certeza é uma das favoritas pro Oscar de melhor trilha sonora, mas não vou mentir e dizer que isso não me incomodou um pouco em certas partes.

Na absoluta maioria das cenas, tudo funciona perfeitamente, como um relógio extremamente aguçado e regulado com as melhores peças. A brilhante direção de James Marsh é impecável; a fotografia de Benoît Delhomme é linda; o figurino ta completamente fiel a época, assim como tudo ao redor dos personagens. De qualquer jeito, o filme me passou muito uma imagem de “fazendo uma cinebiografia segura”. Não há riscos aqui. Não há uma inovação cinematográfica. Não há grandes choques, ou surpresas, ou mesmo evolução de personagem. Se um personagem é bom, fantástico e bem humorado, ele vai passar por todos os problemas da terra e ainda ser bom, fantástico e bem humorado, não há exploração de fraquezas humanas aqui. Ele parece explorar uma fraqueza quando o Jonathan (Charlie Cox) aparece na história, mas isso é deixado de lado muito rapidamente, antes que algo grave seja mostrado. A história é totalmente linear. Isso é um defeito? Não exatamente, mas definitivamente não é uma qualidade. Pareceu muito preocupado em agradar críticos ou agradar as pessoas reais representadas na tela do que realmente em cavar um pouco mais fundo na história.


O filme é exatamente como deveria ser, como se espera que ele seja, com um fortíssimo apelo emocional inclusive (por mais que a cena final “voltando no tempo” tenha sido completamente exagerada e desnecessária nesse quesito. Pareceu mais um “não sei como acabar... vou acabar no início então”). Mesmo assim, faz falta algo que o diferencie dos outros, que o torne mais que um filme perfeito. Eu costumo valorizar mais filmes arriscados e com falhas, do que filmes que ficam presos nessa zona de conforto do gênero. No quesito filme, ele é perfeitamente bem feito e vai ser lembrado e visto por muito tempo. Em quesito concorrente, ele é fácil de bater.

Concluindo, é um filme muito bom, acho que um dos mais fáceis de assistir dos indicados ao Oscar desse ano. Ele começa muito bem, flui muito bem, e termina na época correta da vida dos dois. Atuações marcantes e reconhecidas pelas premiações, com uma ótima trilha sonora embalando tudo e uma direção invejável. O filme foi aprovado até mesmo pelo Hawking, que disse que, em certos momentos, se sentiu assistindo a si próprio na tela e ainda permitiu que sua voz mecânica oficial (protegida por direitos autorais) fosse usada durante o filme. Apesar da falta de inovação, o que faz falta depois que ele termina, o filme é um dos poucos sem falhas que eu ja assisti. Não ter erros não significa que não poderia ser melhor. 

Vale a pena conferir! Até a próxima o/

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