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Crítica | Exterminador do Futuro: Gênesis (2015)

Por: | 17:50 Deixe um comentário

Eu só fico imaginando quanto foi que pagaram pro James Cameron elogiar esse filme.

Eu sempre achei que decepção vinha em medida equivalente a sua expectativa. Se você espera demais e o filme é ruim, você se decepciona. Se você não espera grande coisa e o filme é ótimo, você se surpreende. Com Gênesis, eu nem tinha interesse em assistir hoje e foi totalmente acidental eu ir para o cinema. Com absolutamente zero expectativas para o filme, eu ja imaginava que iria ter uma qualidade meio duvidosa desde que foi anunciado. Mesmo assim, eu sai decepcionado. Eu não sei como é que isso funciona, mas vou tentar descrever a experiência aqui. Claro, SEM SPOILERS, podem ler tranquilamente!!!

Começando com a sinopse de sempre:
Em 2029, a resistência humana contra as máquinas é comandada por John Connor (Jason Clarke). Ao saber que a Skynet enviou um exterminador ao passado com o objetivo de matar sua mãe, Sarah Connor (Emilia Clarke), antes de seu nascimento, John envia o sargento Kyle Reese (Jai Courtney) de volta ao ano de 1984, na intenção de garantir a segurança dela. Entretanto, ao chegar Reese é surpreendido pelo fato de que Sarah tem como protetor outro exterminador T-800 (Arnold Schwarzenegger), enviado para protegê-la quando ainda era criança.


Exterminador do Futuro: Gênesis tenta trazer à vida novamente uma franquia que muitos já consideravam morta. A ideia é que esse seja o primeiro filme de uma nova trilogia, que ainda vai contar com uma série de TV interligada com o acontecimento dos filmes. Dizendo isso, espero que já saibam que o filme deixa diversos buracos e perguntas não respondidas. Parte delas eu responsabilizo o péssimo roteiro. A outra parte é responsabilidade das sequências. De qualquer jeito, atribuir a culpa não melhora o que temos aqui.

Emilia Clarke estrela como Sarah Connor, a grande heroína da franquia e um simbolo de poder feminino desde a década de 80! Ela continua uma personagem forte nesse novo filme, mas bem mais perdida e sem um real objetivo do que antes. Seu filho sempre foi sua principal preocupação, ela faria de tudo para proteger John Connor. Nesse filme, John não é nem um pouco a prioridade. Se a salvação da humanidade depender da morte de John, ela consegue viver com isso. É interessante esse lado da personalidade dela, mas não faz muito sentido. 

Jai Courtney é Kyle Reese, pai de John e amor de Sarah em uma linha do tempo alternativa. Na atual, Sarah não poderia se importar menos com romance e Kyle está totalmente perdido entre a missão que foi mandado pra cumprir e a nova missão que recebe quando chega ao passado. Nem a Emilia Clarke e nem o Jai Courtney atuam bem nesse filme, mas são convincentes o suficiente para evitar constrangimentos. A relação dos personagens no filme entre cumprir um romance destinado a acontecer e proteger a humanidade de um apocalipse tecnológico é o único ponto realmente positivo.


Arnold Schwarzenegger completa o trio principal e representa a maior forçação de barra do longa. Ele infelizmente tem que ter uma fala inútil a cada cena que aparece, mesmo que não ajude em nada a progredir a história. As tentativas de fazer graça com ele sendo "educado" muitas vezes tem um efeito tão vergonhoso que você sai completamente do filme e pensa "não acredito que isso tava no roteiro". Toda a plausibilidade vai embora dando lugar a vergonha alheia e a vontade de simplesmente esquecer que aquele momento aconteceu. Nas cenas de ação, ele se garante, mas fora delas eu preferia um T-800 mudo.

O elenco ainda conta com Jason Clarke como John Connor, que entrega a melhor atuação do filme em um personagem que certamente não precisava disso, já que o destaque nele foi zero, ao invés de explorarem os conflitos internos entre o que ele um dia foi e o que ele é hoje. Era uma das poucas coisas que eu realmente esperava que acontecessem e que foi totalmente deixada de lado. Não há consciência dentro do personagem, e isso destrói qualquer possibilidade de entendê-lo. 

Alguns personagens secundários aparecem, incluindo o ganhador do Oscar J.K. Simmons, que simplesmente não teve exploração nenhuma. O personagem dele esta desde o começo do filme presente e apenas desaparece do nada sem realmente termos um fim para ele. É uma pena ver um ator com toda essa habilidade desperdiçado, meramente tacado na tela em algumas cenas pra abrilhantar as coisas e retirado de cena com a mesma facilidade.

Nas cenas de ação é que o filme encontra sua casa. Ação descontrolada, completamente sem nexo com a história, e lotada de computação gráfica tão exagerada que é difícil considerar realista. Os efeitos práticos dos primeiros filmes fazem falta. Tem sequências inteiras de destruição que se cortadas do filme não mudam em nada o resultado final. Sem falar nas habilidades totalmente inconstantes do vilão do filme, que parece ficar cada vez mais incapaz enquanto a história se desenvolve para ser capaz de ser destruído. Deviam ter pensado nisso antes. 

Cheio de diálogos absurdos e acontecimentos implausíveis, nem sequer a nostalgia (que salvou Jurassic World) teve efeito benéfico aqui. Na maioria das vezes, só serviu pra lembrar que a franquia teve filmes bons antes de se tornar o trem desgovernado que é hoje. Sua temática não faz sentido, seus personagens não fazem sentido, e é um dos filmes mais rasos que assisti esse ano. Na tentativa (falha) de refazer tudo que deu certo nos dois primeiros (e melhores) filmes da franquia, ele acaba parecendo apenas uma imitação e tudo que você viu foram duas horas de diversão cega e nada mais. E isso é muito incomodo, pois se trata de um filme que poderia explorar diversas áreas filosóficas discretamente e pelo menos provocar um pouco o público.

Nós temos um conflito de mãe contra filho que nunca é explorado. O Kyle (antes de saber que é pai do John Connor) está mais preocupado com ele do que a própria Sarah. Nós temos o fato de Sarah ter sido criada por um T-800 que poderia gerar bons conflitos de identidade. Quanto tempo você consegue viver com uma máquina antes de começar a agir como uma? E isso também é totalmente ignorado, a Sarah é totalmente humana e cheia de sentimentos (menos com o John, tenho que dizer novamente). É um filme que não tem preocupação nenhuma em entreter o cérebro ao invés dos olhos.


Eu estaria mentindo se eu dissesse que não tiveram momentos de arrepio durante o longa. Com a trilha sonora clássica tocando em momentos de adrenalina, é fácil se deixar levar por alguns segundos. Mas a realidade não tarda em voltar, revelando o quanto o filme se nega a explorar qualquer profundidade nesses personagens que sobreviveram décadas no cinema. É um filme decepcionante até pra quem não espera nada dele. Quando o clímax do filme chega, você simplesmente não se importa o suficiente com os personagens para se preocupar com como tudo acaba. O que vier é lucro, desde que os créditos venham logo.

Direção preguiçosa, roteiro que parece ter sido escrito por uma criança, efeitos demais e profundidade zero. Exterminador do Futuro: Gênesis é um filme para se esquecer que viu. Em um trabalho que mais parece ter sido feito pelo Michael Bay, é extremamente preocupante pensar que vem mais dois desses por ai. Depois do fracasso de bilheteria e de qualidade que esse filme é seria melhor deixar a franquia descansar em paz!

"I'll be back"?? Espero que não mais, T-800!

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