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Crítica | Mad Max: Estrada da Fúria (Fury Road - 2015)

Por: | 20:13 1 comentário


Bom, antes de mais nada gostaria de explicar o motivo do último texto ter saido a quase um mês. Tem sido um mês complicado, muita coisa acontecendo, muitos trabalhos de faculdade e o blog infelizmente era um tempo que eu adoraria perder, mas não podia. Mas o Wasted Time ta de volta! E tentaremos escrever com uma frequência um pouco maior :)

Sem mais delongas, a crítica de Mad Max - Fury Road:


Mad Max é uma franquia australiana que já chegou nos seus 35 anos. Quando estreou em 1979, o primeiro Mad Max (estrelado por Mel Gibson) se tornou o filme mais lucrativo de todos os tempos, e manteve o recorde por muitos anos. Custou 200mil dólares e lucrou quase 100milhões! Agora, a franquia ganha vida nova nas mãos do mesmo diretor e roteirista da trilogia original. Alguns diriam para deixar uma pessoa nova assumir a franquia e ver no que vai dar... esses alguns perderiam o melhor blockbuster do ano até o momento!!

Estrada da Fúria foi filmado em 2012 e lançado em 2015! E a espera não poderia ter valido mais a pena. Confesso que estava cético! Críticas saindo, pessoas elogiando, umas notícias mirabolantes sobre a repercussão do filme, e eu não sabia o que esperar. O que havia sido uma ovelha negra por anos, agora era o filme mais elogiado do ano. Isso em questão de dias. E se tem uma coisa prejudicial para um longa-metragem é o Hype! Quanto mais falavam sobre, mais eu duvidava que era tudo isso... mas minha expectativa crescia junto. Bom, vou começar dizendo que O HYPE É MERECIDO!


Meu ceticismo foi embora nos primeiros minutos de filme. A cena de abertura, com uma breve narração do passado e, logo em seguida, com uma perseguição frenética, define perfeitamente como será o clima do começo ao fim! Na absoluta maioria de filmes de ação, a escolha é entre ter uma história profunda ou ter cenas de ação gigantescas. Mad Max - Fury Road toma o caminho difícil e faz as duas coisas perfeitamente! Você se emociona enquanto a história toma seus rumos e você se agita enquanto dezenas de perseguições no deserto acontecem. É um filme tão profundo quanto louco!

Eu sempre começo pela parte humana da produção, mas dessa vez eu quero começar com a parte técnica porque sem ela seria extremamente mais difícil se transportar pra esse mundo. A fotografia do filme é a coisa mais perfeita que eu vi em muito tempo. A edição é rápida, mas incrivelmente detalhada. Sabe quando você assiste um filme e pensa "eu faria diferente essa cena"? Pois bem, não existe isso aqui. Cada momento foi escolhido cuidadosamente para agradar visualmente e contar a história da melhor maneira possível, cada corte foi exato. Não é um filme de truques baratos como "olha, vou sacudir a câmera por três horas e vocês vão achar que ta tudo rápido". Tudo é focado como deve ser. E quando a câmera treme, ela tem ótimos motivos para isso. 

E um ponto que eu simplesmente não posso deixar de citar: a incrível Trilha Sonora. Assim como fazer um filme de ação escolhendo entre profundidade e ação, a trilha tem que seguir os mesmos caminhos. Mas e quando você tem um filme como esse, que faz os dois perfeitamente? Você tem que ter uma trilha que acompanha. Que saiba fazer drama e ação. E Tom Holkenborg (mais conhecido como Junkie XL) faz uma trilha com todos esses extremos! Vai da batida mais louca de uma perseguição até um instrumental leve numa cena triste. E é tudo feito com uma beleza gigante. Ela é responsável por boa parte dos sentimentos da obra e chamará sua atenção o tempo todo. Vai de filme bíblico até James Bond sem perder a identidade. Só faz sentido depois que você assiste!


E vamos pra parte humana do negócio. Você tem um universo já usado por três filmes antes. E não se faz uma sequência 30 anos depois sem aprender a levar isso a extremos! E é isso que temos aqui. Um roteiro e uma direção tão insanos quanto os personagens do filme. O maior desafio aqui é fazer o absurdo parecer cotidiano. É uma sociedade pós-apocalíptica completamente sem limites. Nada do nosso mundo sobrou, tudo é lenda. George Miller chega a níveis estratosféricos com isso! De hábitos dos sobreviventes até modelos de batalhas, nada é o que estamos acostumados a ver. E falar isso em 2015, depois de uma leva gigante de filmes e séries sobre o tema nos últimos anos, é um mérito notável. 

Ele praticamente brinca com o expectador por duas horas. É um filme sobre dar esperanças, destruí-las e repô-las. "Ah não, isso vai dar muito errado... ufa... droga... ah bom... nããão" deveria ser o slogan de Fury Road! E isso é um prazer de assistir. É tão maluco que você não sabe como vai acabar, mas é tão lógico que você abraça a loucura dele sem pestanejar. Eu realmente não consigo imaginar como ele poderia ter sido melhor feito!

De acordo com o diretor, 90% dos efeitos de Fury Road foram práticos. Eu não sei se esse número é real, mas é bom deixar claro que em momento nenhum os efeitos te tiram do universo do filme. É tudo feito da maneira mais realista possível. Foram 150 milhões de dólares muito bem investidos, pois ele demonstra o valor de cada centavo em todas as cenas. É muito bom ver um diretor preocupado com o realismo em seus filmes, principalmente num mundo dominado por computação gráfica. As vezes parece progresso, mas em alguns filmes é mais uma demonstração de preguiça. Mad Max não é preguiçoso! George Miller não é preguiçoso!


E as atuações. Wow, o que dizer sobre essas atuações. Vou começar dizendo que ótimas atuações não eram realmente necessárias nesse universo. O visual iria convencer você de que tudo é real antes de qualquer personagem abrir a boca. Mesmo assim, bons atores são sempre bem vindos. E quando ótimos atores chegam e se entregam completamente a essa loucura, tudo fica melhor. Cada figurante, cada capanga, cada herói, cada vilão. Todos tem sua chance de brilhar. E brilham. Honestamente acredito que ali era mais do que apenas um trabalho para eles. Eu acredito que eles sabiam que eram parte de algo brilhante. E isso é uma motivação incrível. 

Tom Hardy ja mostrou diversas vezes que é um ator de primeira linha. Desde Locke (2013), um filme sobre um cara atendendo telefonemas enquanto dirige, mas que consegue ser interessante e surpreendente o tempo todo (mesmo com um só ator em um só cenário), ele provou pra mim que é competente.  E Mad Max vem pra mostrar que ele ta aberto a desafios maiores do que os que já deram pra ele. É o tipo de ator que só precisa de uma grande chance para ter um Oscar na prateleira. 

Falando em Oscar, Charlize Theron está brilhante. Brilhante ao ponto de alguns dizerem que ela é a verdadeira protagonista. Isso não é verdade! Max ainda é o cara que faz tudo acontecer, que torna tudo possível. Mesmo assim, a Imperadora Furiosa é uma das melhores personagens femininas da década. Sua motivação, coragem e ideais (além de sua capacidade de acabar com quem ficar em seu caminho) é algo que te tirará o fôlego. É a melhor atriz e a melhor personagem do filme. Fico feliz que usaram bastante tempo para desenvolver essa personagem magnífica nas mãos de Theron.

A química entre Theron e Hardy é um ponto altíssimo desse Mad Max. Não é em momento nenhum sobre romance, não é um filme que tem tempo pra isso, mas o desenvolvimento dessa parceria é algo que merece aplausos. Uma relação que cresce tão discretamente, nunca passa dos limites, nunca da passos largos demais, ela caminha como deveria na realidade.


É válido deixar claro que Mad Max - Estrada da Fúria é sim uma sequencia dos três primeiros. Ele não é um reboot, ele não é um remake, ele é uma sequência. É extremamente livre de conexões com seus anteriores (leves referências apenas), provavelmente para deixar que um público novo se apaixone por esse mundo. É possível ver o filme sem assistir os anteriores! Mas o momento em que encontramos Max nesse filme é consequência da trilogia inicial. Max é um personagem que ja teve 3 filmes de backstory. Pode parecer pra quem chega agora que a Furiosa tem destaque demais, mas ela é inédita nesse mundo. Precisamos conhecê-la para nos importarmos com sua jornada. E nós já conhecemos Max, ou deveríamos conhecer. Então sugiro assistirem os três primeiros antes, mas nada obrigatório. Só saibam que é um ônibus pego andando. O destino ainda é o mesmo, mas alguns pontos ficaram para trás. 

Para concluir, peço desculpas pelo texto gigante, mas se existe um filme que merece ser elogiado do começo ao fim é esse. Ele sabe exatamente como começar e sabe o momento exato de acabar. É eletrizante ao máximo, com as cenas de ação mais bem dirigidas e executadas possíveis, mas ainda consegue te emocionar com essa sociedade tão degradada. Te faz refletir sobre a vida ao mesmo tempo que faz o coração bater mais forte. Faz justiça a sua classificação indicativa alta e faz justiça ao seu hype totalmente indomado dos últimos dias. Se você tiver que escolher um filme pra ver esse mês no cinema, Mad Max é a escolha perfeita

Vocês vão reparar que não tem sinopse nessa crítica. Geralmente é uma das primeiras coisas que eu coloco, mas para esse filme me pareceu completamente desnecessário. A graça da loucura é não saber onde você está entrando. Não leia sinopses, evite trailers e divirta-se vendo tudo em primeira mão no cinema. 

Saia de casa e pegue a primeira sessão possível.
Nesse momento, estou saindo para ver pela segunda vez!

Eu assisti legendado, não sei como está a dublagem. Mas o 3D vale a pena sem dúvida nenhuma. É convertido para 3D e não filmado na tecnologia, e em algumas horas isso fica muito obvio, mas ainda assim é um ótimo 3D. O segundo melhor convertido que já vi (Gravidade é o primeiro). Então vale os reais a mais. 

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