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Crítica | Cinquenta Tons de Cinza (2015)

Por: | 22:05 Deixe um comentário

É ótimo quando a trilha sonora combina com o filme... A única coisa que da pra pensar enquanto assiste é “OH OH, OH NO NOOO”. Beyoncé foi a única que tentou avisar no trailer o quanto isso ia ser ruim, assim que aparece o nome do filme. Se você assistiu e está aqui, é tarde demais para salvar seu dinheiro e seu tempo. Mas se você não assistiu ainda, a sorte está do seu lado. O filme tem seus elementos bons e uma quantidade gigantesca de elementos ruins sobrepondo, então vamos ao o que interessa. A review do polêmico CINQUENTA TONS DE CINZA.


Cinquenta Tons de Cinza conta a história de Anastasia Steele, uma inocente garota de 21 anos que cursa literatura e entrevista o milionário Christian Grey porque sua colega de quarto está doente. Em questão de segundos, esse milionário que é completamente fechado em sua vida intima, se vê fascinado por essa simples garota, em uma cena que deixa claro o quanto essa história é realmente uma fanfic de Crepúsculo. Baseado na fantasia de centenas de garotinhas ao redor do mundo, o que segue são tentativas forçadas de tornar esse prólogo em algo plausível. Infelizmente, isso não é algo fácil quando se tem personagens mal escritos com diálogos forçados e péssimas atuações.




Li os primeiros dois capítulos do livro para saber se a cena era pra ser ruim daquele jeito mesmo, e adivinhem? É pior. A roteirista do filme (Kelly Marcel, criadora de Terra Nova) conseguiu até salvar algumas das piores partes da cena, como o Grey ficando indignado com as perguntas obvias (sendo que no livro ele simplesmente responde como se ninguém nunca tivesse perguntado isso pra ele antes) ou fazendo o Grey pegar a pasta com todas as perguntas que faltaram e respondendo por email depois (ja que no livro ela faz umas quatro perguntas e vai embora como se fosse só isso mesmo que tinha pra perguntar... seria uma entrevista bem ruim). Então pelo jeito a roteirista até tentou melhorar a coisa... mas o material base é uma âncora amarrada na perna dela puxando pra baixo. 

Vamos ser justos aqui. Existem dois padrões durante o filme: personagens vazios muito bem interpretados e personagens complexos muito mal interpretados. Anastasia, interpretada por Dakota Johnson (ou Clarice Falcão da América), é o primeiro caso. Por mais que não tenham nuances na personagem que permitam uma atuação mais profunda, o que é pedido para Johnson ela entrega com muito sucesso. Os olhares inocentes, a paixão juvenil, o prazer e a dor são transmitidos, mesmo com a personagem mais chata da trama. Fica bem óbvio durante o filme que o futuro de Dakota Johnson não será afetado por Cinquenta Tons. Ela está linda, competente e tudo isso servirá apenas para abrir grandes portas para a atriz.


Não podemos dizer a mesma coisa do segundo protagonista. Christian Grey, interpretado por Jamie Dornan, é um personagem complexo., com uma história de fundo interessante e com cinco dezenas de problemas psicológicos que podiam ser muito bem aproveitados por um ator interessado. A atuação dele é feita totalmente com base em “parecer bonito”, e quando o personagem exige mais que isso ele simplesmente não consegue entregar. Em uma cena está confiante dizendo o quanto não se deve ter vergonha de sua própria nudez, e em outra vira o rosto sem graça quando seu irmão esta beijando a nova namorada. Simplesmente não é coerente. Para bons trabalhos dele, assistam The Fall, série de tv onde ele é um Serial Killer. Taylor (Max Martini), o motorista do Grey, conseguiu me mostrar mais da sua verdadeira personalidade, e com apenas umas três falas no filme todo. Pode parecer um exagero, mas não é.

Como se não bastassem os personagens, a história em si vai pra caminhos que abandonam qualquer lógica. Anastasia cedendo aos desejos de Christian, mesmo estando totalmente inconfortável com isso. Grey a fazendo assinar um contrato garantido sua submissão e seu papel como objeto em suas mãos. Ela enfrenta uma mistura de medo e devoção ali, porque deseja estar com o Christian, mas não quer se submeter ao controle abusivo que ele exige. De qualquer jeito, ela abre mão do respeito próprio pra se aproximar desse homem que só consegue se excitar quando tem controle total sobre uma pessoa.



Falando sobre controle, vamos falar sobre o ponto principal de toda a polêmica em relação ao livro e a adaptação: as cenas de sexo. Não há nada demais para se ver aqui, as cenas são bem comuns. Quem vai ao cinema por essas cenas realmente irá se decepcionar, já que a quantidade e a intensidade delas é bem mínima. Fora uma das últimas cenas do filme, onde as coisas ficam pesadas, mas pouco gráficas, o resto é o padrão que você encontra em quase todo filme que fala sobre sexo. Nada mais e nada menos.

É importante dizer que nada no filme é feito sem o consentimento dela. Em momento algum o filme tenta estimular a violência sexual forçada. O problema é o que vai além do sadomasoquismo. Apesar do filme se vender como um romance, não há nada romântico nas ações de Christian Grey. É até um erro chamar esse filme de romance. Em relações normais, tudo que for da vontade dos dois, é permitido. Mas não com Grey. O contrato não é só sobre o que é feito entre quatro paredes, e sim ter total controle da vida de outra pessoa. O que ela come, o que ela veste, onde dorme. Ele passa a ser dono dela, mesmo quando os dois não estão juntos. É espantoso mulheres acharem isso romântico ou até mesmo aceitável, chega a ser um problema grave. Não é aceitável, isso é abuso.

Fora tudo que o filme falha (roteiro, atuações, ser aceitável como um romance), ainda tem os pontos onde funciona. A fotografia do filme é linda. Quando todos os personagens ficam calados e podemos apenas curtir as filmagens embaladas com a trilha sonora, Cinquenta Tons de Cinza fica quase aceitável. Uma ótima escolha de músicas, clássicos revisitados e músicas modernas, tudo ta em harmonia nesse quesito. 


Vamos resumir, porque a crítica ficou gigantesca dessa vez:

Não é um filme que as pessoas deveriam ver, não é um filme que as pessoas deveriam seguir como modelo de relacionamento e definitivamente não deveria existir. Mas, já que existe, e se a curiosidade for maior do que é possível controlar, assista no cinema. As poucas partes boas do filme só podem ser realmente reconhecidas no cinema, que valoriza uma boa fotografia muito mais do que uma TV em casa. Se o filme é ruim desse jeito na grande tela, eu não consigo nem imaginar o quão ruim seria ver em casa. Não me arrependo de ir assistir apenas pela possibilidade de escrever esse texto e impedir mais pessoas de verem. Façam do meu sofrimento o ganho de vocês.

Ruim, mal escrito, mal atuado e sem a ousadia suficiente nas cenas de sexo para realmente quebrar tabus. É mais um filme ruim que nunca será lembrado como relevante. Bonito aos olhos e com boa trilha sonora, mas sua qualidade não passa da superfície. E se algum homem um dia disser pra vocês mulheres “Eu não faço amor, eu fodo forte”, respondam “fode forte a sua mão então” e saiam do recinto, sem olhar pra trás. 

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