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Resenha | Psicose - Robert Bloch (1959)

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"Mary começou a gritar. A cortina se abriu mais e uma mão apareceu, empunhando uma faca de açougueiro." Assim começa a cena que iria assombrar milhares e milhares de pessoas pelo resto de suas vidas. Uma das cenas mais marcantes do cinema mundial! Mas antes de haver o filme, antes de haver toda a polêmica, antes de Hitchcock filmar Psicose, houve Robert Bloch...

Em 1959, Robert Bloch publica o livro que um ano depois seria a fonte de um dos maiores clássicos do diretor Alfred Hitchcock! Considerado uma pérola do suspense americano, o livro foi lançado em 1959 no Brasil pela primeira e em 1964 pela última vez... até o ano passado, quando a Darkside Books finalmente o relançou em duas edições incríveis, uma capa dura e uma brochura. 

Tive o prazer de ganhar a edição capa dura de presente e posso dizer que é um dos livros mais bonitos que eu tenho em minha estante. Mas além da beleza da edição, que mais uma vez tenho que dizer, ela é muito bela, o conteúdo é um show a parte. A nova tradução de Anabela Paiva é perfeita e não consegui encontrar um defeito sequer. Se percebe que é uma edição feita com muito carinho pela editora, e não é por menos que ela só cresce. 

Mas voltando ao foco, Robert Bloch é um escritor fantástico, e na sua simplicidade de ideia e de descrição, conseguiu manter o suspense até a parte final do livro. Pra quem conhece a história, você sabe do que eu estou falando. Se você não conhece, não vai ser aqui que você vai ler sobre, pois prezo muito para que o final de Psicose seja surpresa pra todas as pessoas que assistem o filme ou leem o livro. Hitchcock chegou a comprar todas as edições do livro disponíveis nos EUA para que o segredo do final de seu filme fosse mantido. 


Sem mais delongas, vamos para a sinopse:
"Mary Crane é uma secretária que rouba 40 mil dólares da imobiliária onde trabalha para se casar e começar uma nova vida. Durante a fuga à carro, ela enfrenta uma forte tempestade, erra o caminho e chega em um velho hotel. O estabelecimento é administrado por um sujeito atencioso chamado Norman Bates, que nutre um forte respeito e temor por sua mãe. Mary decide passar a noite no local, sem saber o perigo que a cerca."



Como eu falo quase toda vez que posto uma sinopse aqui, ela não diz absolutamente nada sobre o quão bom o livro é na realidade. É superficial, e tudo isso que está escrito muda antes da página 60. É ai que está a genialidade desse autor que faz o que poucos autores tem coragem de fazer: muda completamente o rumo do seu trabalho antes que o leitor possa ter tempo de se acostumar com o que ta acontecendo. A imprevisibilidade do seu livro é algo que te deixa paranoico do segundo em que o livro começa ao que acaba. 

Quando comecei a ler, eu estava um tanto cético, mas também esperançoso. O primeiro porque eu realmente amo o filme e o trabalho de direção que Hitchcock fez foi tão perfeito que até hoje refilmagens e paródias são feitas. Simplesmente o trabalho de um gênio, e eu não achava que o livro poderia superar ou se igualar. E esperançoso porque eu raramente vejo um filme que é melhor que o livro que lhe deu origem, então as chances de erro quando o filme é tão bom assim são poucas. 

E, realmente, o livro mostra que o fruto não cai tão longe da arvore que o criou. O suspense é tão bem construído em cada página que eu fiquei 4 horas lendo sem perceber. É uma história fluida e cada revelação, cada peça do quebra-cabeça que nos é dada, coloca mais gasolina na leitura que vai acabar antes mesmo de você perceber. 

O livro tem duas sequências escritas por Robert Bloch: Psycho II (de 1982) e Psycho House (de 1990). Nenhum dos dois livros foi adaptado para o cinema, sendo Psycho II (filme de 1983) feito com uma história original de Tom Holland, roteirista do filme. Uma parte minha ainda torce para que os dois livros seguintes sejam lançados também pela Darkside aqui no Brasil, de preferencia o mais rápido possível. 


Até pra quem já conhece a revelação final de Psicose, a maneira que ela é escrita consegue te surpreender mais uma vez. Para os fãs do gênero, o livro é indispensável. Leitura obrigatória para todos que entendem o quanto é difícil para um livro sobreviver à passagem do tempo e continuar tão atual e surpreendente quanto era na época de seu lançamento. Psicose é o exemplo vivo (mais do que nunca) de que isso é possível.

NOTA: PERFEITO (pode ser influenciada pelo amor que ja mantenho pela história há muitos e muitos anos, mas acredito que quem ler o livro também irá concordar comigo.)

Mais informações sobre o livro na página da Darkside Books: PSICOSE - Limited Edition

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