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Resenha | Misery - Stephen King (1987)

Por: | 13:29 2 comentários

"Annie era louca, mas ele precisava dela.
Ah, eu realmente estou na merda, pensou ele e encarou o teto sem ver nada realmente enquanto as gotas de suor começavam a brotar em sua testa."

Recentemente, eu to numa onda completamente Kinguiana (que palavra horrível, mas você entendeu). Tudo que to lendo é do Stephen King. Na verdade, to tão viciado em sua escrita que mesmo quando to parado num livro dele que não ta rendendo, eu pego outro dele pra ler no lugar enquanto espero a vontade de voltar pro anterior. E quando acabo, quero outro dele. Sua escrita é simplesmente fascinante, as falas são muito bem escritas e humanas, as descrições são realistas mas não enroladas, enfim, eu não tenho nada negativo a dizer (até agora) sobre a sua maneira de escrever. 

O livro do momento é Misery, traduzido anteriormente no Brasil como Angústia, e mais recentemente relançado pela editora Suma de Letras com o (desnecessário, mas aceitável) subtítulo Louca Obsessão, em menção ao nome da adaptação cinematográfica do romance feita em 1990 e estrelada por Kathy Bates e James Caan. A edição da Suma é de uma beleza de tirar o ar quando se, finalmente, pega o livro nas mãos. E a formatação dentro é tão boa quanto o exterior. As partes do livro escritas pelo Paul Sheldon na máquina de escrever sem o N são as melhores nesse quesito. As letras escritas a mão dão um visual muito bom e fiel a narrativa. Você se sente muito mais parte da história. Tudo isso somado com a tradução de Elton Mesquita, que é impecável, cria um livro para guardar para sempre e reler diversas vezes.

Vamos a uma breve sinopse (sem spoilers graves, não precisa se preocupar):
"Misery" conta a história do autor Paul Sheldon. um homem famoso por escrever a saga de Misery Chastain, mas que resolve matá-la em seu último livro publicado para poder finalmente escrever sobre outras coisas. Um tempo passa, Paul termina Carros Velozes, sua obra prima e primeiro livro em muito tempo sem sua famosa protagonista, mas acaba sofrendo um acidente de transito durante uma nevasca. Paul é resgatado por Annie Wilkes, uma ex-enfermeira e fã das histórias de Misery. Mas Annie é completamente louca e imprevisível, e o autor vai descobrindo aos poucos que quando ela descobrir que sua personagem favorita está morta... ele estará enrascado.
Stephen King tem uma maneira única de descrever dor. É tão gráfico e tão doloroso que atravessa as páginas do livro e te atinge. As descrições são tão precisas, tornam tudo fácil de visualizar, mas mesmo assim não são enroladas. Tem alguns livros que são três páginas pra dizer que a cortina estava aberta. Stephen não precisa disso, descreve tudo da maneira mais visual possível e em poucas linhas. Puro talento literário. Cada livro que leio dele fico mais fascinado com sua capacidade de pegar uma ideia tão simples e transformá-la num romance capaz de emocionar, de assustar e de surpreender a cada capítulo.

Em Misery, você se importa muito facilmente com o Paul e começa a se colocar no lugar dele. Ele nunca gostou de escrever sobre Misery Chastain, e agora é obrigado a sofrer as maiores dores e humilhações de sua vida por causa dela. E, ao mesmo tempo que escreve pra continuar vivo, ele começa a perceber que está escrevendo porque está gostando também. Aos poucos, enquanto a loucura de Annie começa a fazer sentido para Paul, o leitor não sabe mais o que esperar no final. Acho que essa é a melhor parte da narrativa de King: o inesperado. Muitos livros você começa e já sabe como vai acabar. Nesse, só nas ultimas 30 páginas, tem diversas e diversas reviravoltas. Dá calafrios a cada susto.

Enquanto Paul sofre, Annie causa o sofrimento. Mas você começa a se importar com ela também. Claro que você sabe que ela merece uma morte triste e dolorosa, mas é o que você realmente quer que aconteça? Annie é uma mulher perturbada que ja teve muitos problemas na vida e hoje vive isolada de tudo e todos, buscando consolo nos livros de Misery. Quando finalmente tem contato com alguém que lhe entregou esperança durante muitos anos, talvez até mesmo tendo salvado sua vida algumas vezes, é claro que ela gostaria que esse contato jamais acabasse. E é claro que ela gostaria de "ajudá-lo" e "torná-lo uma pessoa melhor". Os objetivos são nobres enquanto as maneiras são sórdidas. Compreensível, mas odiosa. Annie Wilkes é bem mais complexa do que parece. 
A metalinguagem do livro não só é fascinante quando podemos ler o livro que Paul escreve para Annie, O Retorno de Misery, mas também quando Paul começa a explicar seus processos para poder criar a história e desenvolvê-la de maneira que não fosse "trapaça" para Annie Wilkes. É um autor genial escrevendo sobre outro autor genial tentando escrever a força para uma mulher psicótica. Então é algo muito incrível de se ler. Toda hora, um pouco do processo criativo de Paul Sheldon é descrito e, dessa maneira, podemos entender melhor quem ele era e como era o trabalho dele antes de tudo isso acontecer.

Com um desenvolvimento perfeito e uma conclusão que pode ter sido a melhor que eu ja li, Misery acaba com glória. Com certeza leria uma versão mais longa desse livro, pois as 326 páginas não são suficientes pra matar a vontade de ler essa história. Tanto a história em si, quanto a história dentro da história (por mais que saibamos muito pouco do enredo dela), são ótimas e não poderiam ter saído da mente de outra pessoa. Pelo menos Stephen King tem mais algumas dezenas de livros para serem lidos...

Misery está RECOMENDADO. Se fosse você, pegaria sua cópia agora mesmo.

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Até a próxima, pessoal o/

2 comentários: Deixe o seu comentário

  1. Bem legal, você tem futuro como blogueiro ��

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    1. kkkkkkkk eu espero que sim :D
      Esse começo ta meio hard, mas imagino que sempre seja assim no início.
      Aos poucos vai se desenvolvendo!!
      Muito obrigado por ter dito isso :)

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