Um filme depende unicamente da visão que ele tem de si mesmo. Se seu filme é uma porcaria, mas se considera um clássico moderno, automaticamente o público irá odiá-lo por prepotência. Se seu filme é um clássico moderno, mas se considera uma porcaria, o público irá odiá-lo por fraqueza. Se for um clássico moderno e se considerar dessa forma, você pode conseguir uma legião de adoradores que viverão por esse filme. Mas se seu filme é uma porcaria e se considera uma porcaria, você pode ter encontrado a fórmula para o coração do público mais louco e mais complicado de se conquistar. Stage Fright arrisca nessa categoria, e, se sua mente estiver aberta, você pode se surpreender.
E se um musical Disney Channel se misturasse com a franquia Pânico? E se o elenco de Glee fosse passar férias em Crystal Lake com o Jason? E se um filme tivesse a pretensão de ser um musical adolescente, uma comédia e um terror ao mesmo tempo? E se essa mistura resultasse em algo tão bizarro e ridículo que, de alguma maneira, funcionasse? Você pode odiar ou você pode amar, mas com certeza não vai se esquecer!
Vamos pra sinopse dessa coisa absurda:
"A adolescente Camilla Swanson sonha em se tornar atriz e seguir carreira na Broadway, como a sua falecida mãe. No entanto, ela é obrigada a aceitar outros empregos, incluindo o trabalho na cozinha de um restaurante e a participação em uma pequena oficina para aspirantes a atores em musicais. Neste evento, ela começa a perceber diversas mortes ao seu redor, e suspeita que os assassinatos estejam ligados à história de sua própria mãe."
Musicais e terror as vezes se encaixam. Um bom exemplo é Sweeney Todd, que consegue ser macabro e cantado ao mesmo tempo. O que Stage Fright faz que eu nunca vi nenhum outro filme fazer é ser tão leve e pra cima numa cena e logo em seguida ser extremamente gore e pesado em outra. Filme pra crianças dormirem em um minuto e filme para elas nunca mais fecharem os olhos no outro. É algo tão arriscado, tão audacioso, que é obvio que nunca daria certo... até magicamente funcionar.
Estrelando o filme, temos Allie MacDonald, que atua tão bem quanto é possível numa história como essa. Não se destaca como um talento incrível, mas também não distrai da história por atuar mal. Mas o grande nome do elenco, o que fez muitas pessoas se interessarem em saber do que se trata o filme, é Meat Loaf, músico e ator com milhares de fãs pelo mundo. Não que ele tenha muita chance de brilhar no filme, mas ele canta, então os fãs já vão ficar felizes.
Jerome Sable dirigiu, roteirizou e escreveu as músicas para seu primeiro longa metragem. Como um novato, eu fico surpreso pela ideia que ele teve e pela capacidade de navegar por gêneros sem se afogar em nenhum deles. Mostra talento e futuro longo. Quem sabe até um Stage Fright 2?
O próprio filme não se leva nem um pouco a sério, e isso é parte do seu charme. Os números musicais são ridículos e sem sentido. As cenas de assassinato são muito bem feitas e sangrentas. Daria pra separar tudo em dois pequenos filmes diferentes, pois o tom do filme muda bem rapidamente. A "paródia" de O Fantasma da Ópera (no filme chamado de "A Assombração da Ópera", e a história é bem parecida com a do original) cria momentos profundos e momentos hilários em igual proporção.
Sem poder falar muito mais com perigo de estragar alguma revelação antes da hora (pra isso tem a parte de Spoilers logo abaixo), gostaria de dizer que o filme está completamente recomendado para qualquer pessoa que esteja disposta a assisti-lo de mente aberta. Não é o melhor filme do mundo, nem é o pior. Talvez seja o melhor pior filme que você vai ver esse ano, a não ser que Sharknado 2 realmente lance! Quem não ama um bom filme trash?
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A partir daqui, se você ja leu algum outro texto do blog, você sabe o que acontece. Se não, eu explico. Desse ponto em diante, pontos importantes da história serão discutidos. São os famosos SPOILERS. Se você ja assistiu o filme, ou gosta de saber tudo que acontece (inclusive as reviravoltas de um filme de suspense) antes de ver, continue lendo! Se não se encaixa nesses perfis, sugiro que feche essa aba, assista o filme e depois volte para terminar sua leitura. O texto vai continuar aqui, não importa quando você volte!
O filme começa com uma linda cena do musical "A Assombração da Opera", onde Alfonso morre aos braços de Sofia. Sofia sendo interpretada pela mãe de Camilla, a protagonista do filme. Acho que não preciso comentar que não faz sentido a mãe dela ser uma grande atriz, pq a atuação estava horrível hahaha. Parte da graça do filme, obviamente. Depois da peça, a atriz é assassinada de maneira brutal por uma pessoa mascarada.
Anos se passam, e (depois de uma musica bem constrangedora sobre sofrer por gostar de musicais), vemos que os filhos dela cresceram e agora são empregados do homem que produziu a primeira versão de "Assombração". Esse homem então decide fazer um revival (que é o termo para o relançamento de uma peça antiga que foi alterada) da peça polêmica. É então que Camilla vê isso como a chance de deixar sua mãe orgulhosa, interpretando o papel que um dia havia sido dela.
É então que a diversão começa com a peça sendo produzida, os ensaios acontecendo e duas atrizes escolhidas para o papel principal (para o diretor poder tirar uma lasquinha de cada uma delas). Depois de tentar fazer com que Camilla transasse com ele para ela ter o papel no dia da estreia, o assassino mascarado faz seu retorno triunfal e mata o diretor com uma lampada (que esquenta mais rápido que fogo - ligou, queimou) colocada na boca.
"Não é errado cantar e dançar quando alguém acabou de morrer?", pergunta a garotinha do filme. Não, não é. O show tem que continuar, mesmo sem diretor. Nos momentos finais, depois de muita correria e gente morta, descobrimos que o assassino é o irmão de Camilla, Buddy, e que ele só faz isso pois o produtor, Roger, foi quem matou a mãe deles no começo do filme (o que não justifica todas as outras mortes, mas nada fez sentido mesmo, por que ia começar agora?). Roger mata o Buddy, Camilla mata o Roger, e ainda sai da peça como a heroína e melhor atriz.
No último segundo de filme temos um último susto (que confesso, me fez pular um pouco. Foi a única cena que fez isso durante todo o filme). E então acaba. Mas eu sinceramente acho que ficou um ar de "bora fazer uma sequencia ano que vem?". Eu espero que seja verdade, espero que aconteça, pois Stage Fright já virou um prazer culposo. Tenho que rever em breve.
NOTA: Nem Me Arrisco a Definir (esse filme é loucura. Você pode odiar, você pode amar, eu nem decidi ainda. Mas valorizo a criatividade e a coragem)
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Análise do Trailer:
Eu nunca vejo trailers! Acho que um bom poster e uma sinopse devem ser suficientes para vender um filme. Mas o fato é que muitas pessoas gostam de trailers. Então eu sempre faço essa análise final sobre esse pequeno vídeo feito para atiçar os duvidosos. Vale ou não a pena assistir o trailer antes de ver o filme? É baseado nessa pergunta que analiso três critérios básicos para chegar a conclusão.
Entrega partes importantes da história? Sim, mostra quem morre e revela sustos surpreendentes
Consegue deixar com vontade de ver? Sim, mas estraga ao mesmo tempo.
Vale a pena ver antes do filme? Não, mas o trailer ainda é legal. Veja depois.
Conclusão: Tem a hora certa pra cada trailer. A hora certa pra esse é depois do filme ja ter sido visto. Bom pra relembrar o quão sem noção o filme é, mas não é bom para avisar.
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