"A vantagem do rato sobre as vítimas do psicopata é que ele sempre sabe quem é o gato" -Robert Hare
É com essa citação que começa Dupla Identidade, a nova série da Globo. Com ela, o Brasil chega o mais perto que já chegou até hoje em criar uma série com padrões "americanos" (não que americano não faça muita bosta em formato de série, e sim em sentido de investimento numa produção), mas mesmo assim falha nos detalhes. Ao apresentar com pressa mais personagens do que consegue desenvolver, ficamos com um roteiro fraco, mas com boa trama e segurado firme pelos grandes nomes. O problema será no futuro se isso não for corrigido, chega uma hora que não há nomes suficientes no elenco pra segurarem.
A série supera expectativas com uma história inteligente e com espaço para crescer não só por todos os episódios que a série terá, mas até para ir além e voltar um outro ano caso seja possível. Com a estreia do programa escrito por Glória Perez, a Globo mostra o quanto gosta de investir em temas modernos e trazer pro país coisas que já são moda fora daqui. A diferença ta mais no nível da polícia mesmo, porque do jeito que o Gagliasso colocou a mão na vitima toda e depois saiu sem limpar nada, pelo menos uma impressão digital eles deviam ter... seguindo em frente...
Talvez a coisa mais notável dessa série seja seu visual. Completamente escuro e granulado, deixa um aspecto realista e convincente, principalmente nas cenas violentas. A abertura também foi muito bem feita e o jogo de sombras impressiona quando visto pela primeira vez, as vezes confundindo, outras vezes causando suspeita, e se não prestou atenção na primeira exibição, dê uma olhada mais cautelosa na próxima, tem diversos detalhes interessantes.
As atuações estão ótimas e em níveis inesperados, inclusive. Com pouquíssimo desenvolvimento de personagens e detalhes dignos de um conto de 5 páginas ao invés de uma minissérie de 13 episódios, os atores até que fizeram um ótimo trabalho. Comparando a atuação das duas mulheres protagonistas da série (Luana Piovani e Debora Falabella) com seu último trabalho juntas em A Mulher Invisível, fica bem claro o contraste entre comédia e drama. As duas estão prontas pra fazerem personagens sérios e com o certo carisma necessário com o público. Piovani só me pareceu fraca no começo do episódio, mas em pouco tempo ela já tinha me convencido de sua personagem.
Em comparação, Marcelo Novaes está discreto e eficiente. Sem grandes momentos nesse primeiro episódio pra mostrar do que é capaz ou não, ele interpreta um policial conservador, e mais focado em crescer no cargo do que em pegar o bandido, de maneira bastante sincera. Talvez seja o personagem mais bem desenvolvido até o momento. Da pra saber quem ele é, da pra saber quem ele quer ser, e isso já é mais do que da pra dizer sobre qualquer outro personagem.
É claro que não dá pra deixar de falar do protagonista disso tudo, o motivo para a série existir, o psicopata Eduardo: Bruno Gagliasso. Ao contrário de Novaes, a atuação aqui é bem obvia e nada sutil, e acho que funciona para o personagem. As transições entre o Edu assassino e o Edu conquistador são bem delineadas e servem pra exemplificar a "dupla identidade" do título mais do que qualquer sutileza seria capaz. São como pessoas diferentes e ele se sai bem nos dois papeis.
No que vai além disso, ainda é cedo dizer. Mas confesso que fui assistir pensando em poder falar mal e terminei o episódio com mais coisas boas na cabeça do que ruins. Atuações, história, trilha-sonora, fotografia... O defeito de falta de detalhes pode tão facilmente ser corrigido com mais um ou dois episódios que nem vale a pena se preocupar com isso ainda. O que vale a pena é torcer para que a conclusão dessa história toda seja tão boa quanto seu início.
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